Diversidade
linguística na Europa
O
caso holandês
Quando
olhamos para a Europa, uma das primeiras ideias que nos surge é a
multiplicidade de povos com culturas e línguas próprias que a
integram e que ao longo da história se foram encontrando e
entrecruzando, conseguindo muitas delas preservar as suas raízes e
identidades culturais e linguísticas até aos nossos dias.
Cientes
desta realidade e da importância de preservar a pluralidade
linguística e cultural como essencial para a construção de uma
Europa unida na diversidade e enriquecida pela variedade dos povos
que a integram, os responsáveis pela União Europeia entenderam
elaborar e aprovar a “Carta Europeia das Línguas Regionais ou
Minoritárias”, estabelecendo princípios para incentivar os
Estados membros da União ao desenvolvimento de medidas de apoio e
promoção da aprendizagem e divulgação das suas línguas de menor
expressão e / ou carácter regional, procurando assim assegurar a
respectiva sobrevivência.
Tendo
ratificado a “Carta Europeia das Línguas Regionais ou
Minoritárias” em Maio de 1996, o Reino dos Países Baixos,
reconheceu no seu território os falantes de Frísio Ocidental, Baixo
Saxão, Romani, Yiddish e, em 1997, o Limburgues.
Sendo
a língua oficial dos Países Baixos o Flamengo (ou neerlandês),
verifica-se que o Frísio é falado por cerca de 400.000 pessoas na
província de Friesland, o Baixo-saxão por cerca de 1.798.000 em
três variantes nas províncias de Groningen, Drenthe e Overijssel, o
Limburguês por 825.000 pessoas e o Romani por 3.000 pessoas.
Tradicionalmente
os Países Baixos são uma das nações mais liberais e
incentivadoras do multiculturalismo e multilinguismo na Europa e
também na criação de condições para a preservação das suas
línguas regionais, permitindo e incentivando o seu ensino e uso,
começando, no caso do Frísio, a aprendizagem da língua logo no
ensino pré-primário, prevendo as politicas governamentais que todos
os habitantes da Friesland sejam habilitados a falar esta língua.
O
sucesso na preservação destas línguas passa não só pelo seu
ensino, como pela existência de publicações nas mesmas, eventos
culturais e pela hoje em dia fundamental presença na Internet (caso
da wikipedia em língua frísia -
http://fy.wikipedia.org/wiki/Haadside).
Apesar
da forma positiva como as línguas regionais tem sido apoiadas nos
Países Baixos e dos bons resultados no caso do Frísio, verifica-se
que ainda não foi possível cumprir todos os princípios da “Carta
Europeia das Línguas Regionais ou Minoritárias”. Faltando ainda,
por exemplo, aprofundar o ensino do Baixo-saxão nas províncias onde
existem falantes do mesmo que têm manifestado aos responsáveis da
União Europeia a sua insatisfação pela insuficiência de medidas
tomadas pelos responsáveis provinciais para promoção e protecção
da língua, que contudo pode ser utilizada em cerimónias oficiais,
bem como em canais de televisão durante algumas horas por semana.
No
caso Limgurgês têm sido feitos investimentos e tomadas medidas para
assegurar a preservação desta língua, que pode ser utilizada nos
meios de comunicação, na administração ou no âmbito judicial,
sem restrições.
A
promoção e preservação do Romani tem enfrentado a resistência da
respectiva população, que não tem mostrado abertura para que esta
língua possa ser transmitida a outras populações que não as
originariamente falantes, dificultando o aumento do número de
pessoas capazes de compreender e falar este dialecto.
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