Uma escola primária diferente



A entrada para a escola primária constituiu um momento traumático – habituado a andar livre e sem regras, era algo muito estranho ter agora horas, tarefas e frio… muito frio…
A 1.ª classe foi feita em casa da D. Palmira (uma algarvia que residia por cima da Foto Neves). Relembro alguns dos colegas da altura o Jorge e o Nelson Neves, a Teresa (filha da professora) e a irmã mais nova cujo nome não perdurou na memória, o Duda, o Beto, a Edna Gaspar, a Teresa Climaco e mais alguns.
Todos os dias, fizesse chuva ou sol, frio ou valor, ia a pé, sozinho com o meu irmão, então com 5 anos, desde o largo da Igreja atravessando a Rua do Comércio (na altura com trânsito) até entrar na casa da professora. Por vezes implicava uma paragem no Veríssimo Duarte ou no Paulinha para um chocolate… outros tempos…
Por vezes eram os mais velhos (4.ª classe) que faziam os ditados. Nunda fui de dar erros e em toda a escola primária só dei 3 erros em ditados e todos da mesma vez. Como toda a gente perguntava como se escrevia fiz o mesmo e fui induzido em erro… nunca se pode confiar…
Também foi aqui a única vez que andei á luta e correu-me muito mal. O Jorge Neves tinha tentado estrangular a filha da professora (o que nos valeu 15 dias de férias forçadas) e quando voltámos a professora decidiu responsabilizar-me por não ter acudido à filha… Quanto o Jorge voltou a repetir a graça bati-lhe e… fui apanhado e castigado… o meu célebre azar…
O resto da escola primária foi feita na marquise da casa da D. Lita Barardo (Avenida do Hospital).
Da minha classe apenas a Teresa Climaco e a Edna Gaspar (só tínhamos um livre de matemática que se compunha de 1000 problemas a resolver… enquanto elas resolviam um eu resolvia dez o que dava disputas pela posse do livro…), mas também o Sérgio Reis e a irmã Margarida, a Susana (não sei o apelido), o Orlando Pintassilgo (mais tarde viria a falecer de Sida), o Alberto Ricardo Franca e o Paulo Nuno (da família Severo dos Santos e portador de deficiência).
No intervalo brincávamos ao Espaço 1999 e eu era sempre o comandante John Koenig…
Nos quatro anos de escola primária só tive 20’s excepto um 19,5…
Fiz exame da 4.ª classe na escola junto ao campo da bola com 20. Estava o prof. Daniel Pires e o único outro examinando foi o Ercilio Martins…
Para além disso só houve neste período a catequese (ainda no antigo colégio com grandes jogos de futebol no campo junto à casa do Perrichon) e as idas a São Martinho do Porto ao domingo com a inevitável torrada no café dos Capristanos… Na catequese tive a D. Alzira Pedras (não gostou nada de entre os 12 meninos eu ser o único que não falava mas quando questionado dava respostas menos ortodoxas…), a D. Isabel Moura, a minha tia Maria e a D. Capitolina  
O bom é que nunca tive hora para me deitar pelo que podia ver a televisão até final (o que na época significada meia noite) e ler tudo o que havia na biblioteca do meu pai (aos 10 anos já tinha lido os clássicos gregos, Shakespeare, Dumas, Bocaccio, Tolstoi…)


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