Fazer política



Sempre vivi e respirei política…
Logo que chegou a Portugal o meu pai fez-se fundador do CDS no Bombarral e desde os meus 6 anos que se falava em política em casa
Lembro-me de na campanha das presidenciais de 1976 estarmos na acanhada sala de estar de casa do meu avô a ver as notícias e eu a opinar
Ao início achavam graça ao menino de 6 anos a falar como um adulto sobre coisas que supostamente não percebia… já não achavam tanta graça quando se vinha a demonstrar que eu tinha razão…
Vim trabalhar para a Câmara e não foi preciso muito tempo para me porem a fazer o que ninguém queria – trabalhar com políticos…
Mas ao fim de tantos o que vejo não é política…
Política para mim é resolver os problemas das pessoas, criar consensos e dinâmicas de desenvolvimento, não funcionar pelo conflito… nivelar por cima e não por baixo… valorizar os opositores, extrair deles o que de melhor tiverem e, no fim, torná-los aliados…
Um líder não tem de se preocupar em vender a imagem, convencer ninguém… o trabalho que fez deve responder por ele… se for um trabalho empenhado, com planeamento e organização, responderá por si próprio…
Custa-me muito entender o conceito de que quem está noutra lista é um adversário apostado em dificultar tudo (e sim, muitas vezes é essa a postura que também não compreendo…)
A política devia fazer-se com elevação, apostar na qualidade e valorizar o mérito…
Um adversário pode ter uma ideia diferente, e isso não é necessariamente negativo… do debate de ideias nasce a luz como se costuma dizer e não sendo ninguém dono da verdade, deve um político ser exímio em analisar as situações, fundamentar os defeitos e sugerir, fundamentadamente, o caminho que acha melhor… Todos têm a ganhar com isso… Nada se ganha com a maledicência, a ausência de diálogo e o confronto pelo confronto sem que ao mesmo esteja subjacente o debate de ideias…


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