Ora
que absurdo, o João não apareceu para trabalhar... mas quem é que
ele julga que é? Sabe que tem de cá estar bem antes da hora para
preparar tudo e quando as portas abrirem às 09:00 horas quem é que
vai atender o público? Vai haver resmungos e o primeiro a chegar não
vai poder ir ao café...
Onde
é que ele anda metido? Nem férias tira, nunca esteve doente em 30
anos de casa... o telemóvel disponível 24 horas por dia hoje toca
sem cessar... raio do homem... que ingratidão... e logo hoje que há
reunião à noite... adormeceu de certeza... bem, vai ouvir das boas
quando chegar... o melhor é pedir a alguém que vá acordar o
preguiçoso... quem é que vai fazer o trabalho? O dia tinha tudo
para correr mal...
Onde
é que o João mora? Pois... boa pergunta... os recursos humanos
devem saber... não? Olha... curioso... mora no prédio ao lado do
meu... não fazia a mínima ideia... também não interessa nada...
Já
passou metade da manhã... toca o telefone... é o motorista que foi
buscar o João...
Morreu?
Morreu como? …............................
O
João não tinha família, não tinha amigos, não tinha nada, só o
trabalho... todas a vida viveu para os outros... morreu como viveu -
sozinho... ia a sair de casa às 06:00 horas da manhã e caiu... foi
a patrulha da GNR que o encontrou... nada havia a fazer... o coração
não aguentou mais a tristeza da solidão...
No
funeral não esteve ninguém... o coveiro, o padre, o agente
funerário... foi o cabo dos trabalhos arranjar quem tratasse do
funeral... no escritório fez-se os discursos da praxe mas no fundo
todos estavam sentidos com o João... que raio de ideia morrer e
deixar o trabalho para os outros... ninguém verteu uma lágrima...
João?
Qual João? Quem foi esse João?
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