12.º ano




O 12.º ano foi feito na Escola Secundária Raul Proença em Caldas da Rainha…

Uma realidade totalmente nova: era uma cidade, não conhecia praticamente ninguém, de 10 passei para três disciplinas (Inglês, francês e português)… os horários eram totalmente estranhos (chegava a ter 5 horas de intervalo entre duas aulas)… ia de comboio segunda, terça e sexta e à quinta ia sozinho na Rodoviária… há quarta não havia aulas…

Entretanto o meu pai ficou desempregado e começaram a agravar-se os problemas que culminariam com o falecimento dele 1 15 de Abril…

Mais um dos meus maus pressentimentos (sim que nunca tive bons pressentimentos…) – a 14 de Abril ao fim do dia foi para o Hospital Santa Maria (Lisboa) e quando nos preparávamos para ir para o autocarro a caminho de Lisboa bateram à porta. Ainda não eram bem 09:00 horas mas eu já sabia que era o carteiro e sabia o que ele vinha fazer… quando a minha mãe abriu a porta eu estava atrás dela com um copo de água e um calmante nas mãos… a parte pior do dia foi avisar a minha avó Filomena…

Em Caldas foi um ano absolutamente perdido… para me afundar na solidão… nunca me integrei… andei sempre sozinho (fiquei a conhecer Caldas na perfeição)… apanhei molhas épicas…

Ás quintas-feiras, o único dia em que lá almoçava, ia até uma pastelaria junto ao parque e comia uma bola de Berlim e um leite com chocolate… o resto do dinheiro era para poder comprar um jornal e me entreter a ler nas longas horas de solidão…

Acho que só uma vez alguém falou comigo … uma cena estranha… uma colega, cujo nome nem sabia, foi ter comigo ao parque e com toda a lata disse-me que tinha visto um fio numa ourivesaria e queria que eu o comprasse para ela…

No final do ano o desânimo era tanto que nas últimas três semanas nem pus os pés na escola (ia chumbando por faltas)…

Seguiu-se um ano muito duro – sem emprego, sem amigos… totalmente sozinho … só falava com alguém porque estava a dar catequese e uma vez por semana falava com as crianças, fora isso…

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