Em 1990
eu andava em grandes dificuldades financeiras. O único dinheiro que entrava em
casa eram os meus 30.000$00 e tinha de sustentar a minha mãe e o meu irmão (à época
na tropa).
Qualquer
extravagância colocava-me em deficit…
Um dia,
a pretexto de um concurso, decidi comprar um chocolate Mars e enviar o
comprovativo por correio…
Surpresa,
surpresa… umas semanas depois recebo um telegrama (sim, eu sou tão velho que já
por cá andava quando estas coisas eram comunicadas por telegrama…) e tinha
ganho uma viagem a Itália em Junho de 1990 a propósito do campeonato do mundo que aí
decorreu…
Fui de
véspera de comboio para Lisboa onde pernoitei em casa de uma prima Maria no
Bairro São João de Deus… era uma daquelas primas muito longínquas que eu nem
sabia que existia e de quem nunca mais voltei a saber…
No dia
aprazado ela lá me acompanhou ao aeroporto onde me juntei a um grupo onde não conhecia
ninguém (dispenso-me de dizer que não correu nada bem)…
Aterramos
em Milão e após algumas horas de espera lá voamos para Nápoles…
Um senhor
Italiano não queria ir junto à asa e trocou comigo… consequência fiz o voo todo
no meio de italianos e com o guia (João Moedas) pouco satisfeito por eu não
estar junto ao grupo… só lembro que o jornal República titulava algo como
Napolitanos por um dia sejam italianos (a propósito do jogo entre a Itália e a
Argentina de Maradona (ídolo do Nápoles))…
Em Nápoles
ficamos no Tenis Hotel e de manhã fomos visitar Pompeia…
Aqui
sim valeu a pena… toda aquela história que me rodeava J
Almoçamos
junto a Pompeia e quando o grupo entrou a gritar por Itália (excepto eu que ia
caladinho) os criados deixaram a comitiva de sul coreanos e vieram torcer pelo
Maradona… serviram-nos… saímos… e os sul coreanos continuavam a aguardar pela
refeição…
Visitamos
a baía de Nápoles (muito bonita) e comemos um gelado italiano antes de irmos
para o estádio…
Entretanto
já tinha havido confusão – um brasileiro que se juntou ao grupo tentou comprar
um bilhete… como não foi permitido houve um boicote inicial à visita a Pompeia
que se resolveu…
Junto
ao estádio uma senhora preferiu não entrar e ficar a visitar os arredores…
Grande
jogo… Maradona visto ao vivo era um jogador do outro mundo… simplesmente
fabuloso (até hoje só vi três jogos ao vivo – Bombarralense / Benfica, Itália /
Argentina e um jogo das competições europeias na Marinha Grande entre o U. Leiria
e uma equipa da Noruega onde fui em serviço a acompanhar jovens estudantes a
quem a Câmara arranjou bilhete…)
No
regresso ao hotel nem me deitei… eram 01.00 e tínhamos de estar no aeroporto às
04:00… passei a noite sentado sozinho na recepção…
No
aeroporto novo incidente com o brasileiro – afinal a senhora tinha sido muito
esperta e vendeu-lhe o bilhete… o brasileiro gabou-se disso e ia havendo vias
de facto…
Também
a viajem de regresso a Milão não correu bem como era de esperar…
Metade
do grupo foi por Milão e a outra metade por Roma… Sucede que as senhoras
queriam ir por Roma e eu acabei a voar com um bilhete que não era meu até Milão
(outros tempos)
Em Milão
por uma vez na vida lucrei algo – como não gastei nem uma lira era só eu que as
tinha, logo todo o grupo as quis comprar para ir às Free Shop… com o câmbio
acabei a chegar a casa com mais dinheiro do que tinha saído…
No
aeroporto de Lisboa como estava sozinho perdi-me, percorri salas sem fim mas lá
acabei por dar com uma saída…
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