Mistery at Dawn X



Os três homens aproximam-se do portão de entrada e chamam…
- Queremos falar com alguém que esteja responsável…
Muitos já se juntaram a nós na entrada e todos olham para mim…
Este mundo é estranho – em menos de uma semana passo de uma vida apagada e sem história a líder de uma comunidade, cometi várias violações da lei (num mundo agora sem lei) e pelos vistos tenho um conflito para gerir…
- Somos todos iguais por aqui, mas podes falar que eu responderei…
- Queremos que nos entreguem a comida, a água e as armas… e queremos os responsáveis pela morte de três dos nossos… depois deixamos-vos sair da cidade em paz…
(alguém anda a ver cinema a mais)
- Estamos todos envolvidos no mesmo problema… já somos poucos… não sabemos o que aconteceu… ou o que pode vir a acontecer… devíamos unir esforços e não estar a perder tempo com divisões e conflitos inúteis…
- Só alguns podem sobreviver e aqui somos nós que vamos sobreviver… vocês vão partir a bem ou a mal…
(a humanidade no seu melhor)
- Não sei como está o resto do mundo, mas se estiver como aqui todos somos poucos para assegurar o futuro da humanidade e, se possível, descobrir o que aconteceu a tanta outra gente…
- É inútil argumentarem… façam o que vos digo e poderão sair em paz…
Uma seta crava-se aos pés daquele que fala…
- Se é isso que querem voltaremos em breve e vão arrepender-se…
Partem…
Reforçamos a segurança… vai haver confusão das grandes e tão desnecessária…
Apesar de tudo conseguimos que as coisas se organizem de forma ordeira…
Ao almoço falo com o Vasco… pergunto-lhe se sabia o que estava o professor Álvaro a pensar…
- Ele preocupava-se em garantir a segurança e sobrevivência daqueles que ficaram… não tinha muita esperança em que não houvesse divisões e conflitos… apesar de tudo está a acontecer tudo demasiado depressa…
- O professor tinha alguma ideia do que sucedeu ou do que fazer?
- Ele foi professor de física na universidade de Coimbra… tinha uma teoria sobre os tubos e a rapidez com que tudo sucedeu… sabe, os tubos tinham cerca de 40 m de cumprido mas entravam milhares de pessoas para lá… ele achava que quem quer os tenha desenvolvido conseguiu criar um mecanismo qualquer (teletransporte, wormholes…não temos como saber) que levava as pessoas para algures… De alguma forma conseguiram inutilizar todo o tipo de veículos e colocar as pessoas num estado de dormência que as fazia seguir para onde pretendiam… por algum motivo algumas pessoas (pelos vistos cerca de 1 em cada 1000) conseguia despertar e ficou para trás… por algum motivo não ligaram a essas pessoas… como se fossem peças danificadas…
- Parece uma teoria capaz de explicar algumas coisas…
- Mais… o professor dizia que um dos tubos tinha ficado por cá… não sabia porquê… era isso que ele procurava quando foi apanhado e morto…
- hmmm? Seres capazes de fazerem que aconteceu não se esquecem de um veículo … se for verdade quer dizer que têm, pelo menos, uma equipa cá…
Precisamos de encontrar o tubo… para fazer o quê não faço ideia, mas pelo menos é um ponto de partida…
Pelo meio-dia os vigilantes dão conta de movimentações… há indivíduos armados ao redor da escola…
Presumo que tenham deixado alguém no centro, pelo que devemos ter uns 80 / 90 indivíduos armados…
Só a mim me acontecem coisas destas…
Cerca de 30 tentam saltar por cima dos carros e entrar pelo portão principal… não vai ser assim tão fácil…
Uma primeira salva de setas e virotes derruba logo um terço deles…
Os outros hesitam… não esperavam resistência… não estão organizados e não sabem bem o que fazer…
Segunda salva e os 8 que se mantém de pé fogem o mais depressa que podem…
Durou menos de 2 minutos e há 20 tombados na entrada da escola… estou surpreendido com a eficácia de quem há poucos dias pretendia defender a escola com bastões e facas de cozinha… a humanidade é uma surpresa e então quando toca à violência…
Tiros de caçadeira partem a maioria dos vidros da frente da escola… uma dúzia de feridos… Catherine faz o que pode para acudir a todos…
Gritos na lateral norte… puseram tábuas a fazer de ponte por cima da vala e derrubaram a vedação… os vigilantes desse lado estavam aterrados com o que se passava na frente e não deram por nada…
São cerca de 25 partem os vidros e entram na escola… sigo para lá … N. já lá está e quando saem da sala são recebidos com virotes e setas… os primeiros 4 tombam… os que vêm atrás disparam e derrubam dois dos nossos… temo por N. …
É preciso evitar que se espalhem pela escola… da frente chega o alerta de uma nova tentativa de assalto… deixo N. a lidar com esta zona e regresso ao meu posto…
Até meio da tarde prosseguem os combates… as baixas e a exaustão vão-se acumulando… o medo não nos deixa desistir…
Pelas 16:00 horas, faz-se silêncio… quem entrou na escola está derrubado…
Foram quatro horas muito difíceis… perdemos 28 pessoas e temos quase 60 feridos… mas sobrevivemos… do outro lado contamos 70 baixas e 9 prisioneiros e não sabemos quantos terão fugido…
Foi muito violento…
A humanidade não vai a lado nenhum assim…e eu não nasci para isto…
Estou exausto e ainda há muito que fazer para repor as defesas e ajudar os feridos… remover os corpos… e vou ter de sair em patrulha… faltam cerca de 20 deste grupo e o barulho que se fez toda a tarde não passou despercebido aos outros dois grupos…

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