Mistery at Dawn XII

Mais uma vez passo a noite acordado… entre a enorme confusão que me rodeia e os meus problemas pessoais (que sobreviveram a este evento global) os meus níveis de insegurança estão estratosféricos… mas não tenho como parar para pensar… pelos vistos toda a gente deu em confiar em mim e depois não posso deixar acontecer nada a N. e a Z. …

Mia dá-me marradinhas e Tex vem atrás dela com o ar chorão do costume…
- Pois e vocês os dois… querem comida? Lá vamos nós… - sem conseguir acelerar ou ter tempo paciência para ler só estes dois para me darem alguma tranquilidade…
Organizo as coisas – X. está a revelar-se uma boa líder quando eu pensava que era só uma boa formiguinha, fica a liderar o espaço… é preciso reforçar as vedações e começar a pensar em plantar bens alimentares… N. vai comigo em mais uma aventura de falta de juízo… Z. também faz questão de ir (para desagrado de N. …  só eu…)
Aproximamo-nos cautelosamente do hospital… entramos e fazemos uma verificação rápida do espaço (apesar do cheiro insuportável…)… dirigimo-nos para as traseiras… nem sinal dos dois orbes de vigilância…
Aquilo que vou fazer é provavelmente uma péssima ideia mas até agora tenho tido sorte e é essencial perceber o que é que afinal se passou e para onde foi toda a gente…
- Não estás a pensar fazer aquilo que eu acho? – questiona N. manifestamente desconfortável…
- Que ideia… alguma vez eu iria tentar pôr um veículo alienígena a funcionar… - ironizo…
- Para onde fores vou contigo… vê se não nos matas… - resmunga N.
- Vocês não estão bons… sabem lá o que pode acontecer … - suspira Z.
Olho para ela…
- Smile to give me luck… - arrisco…
N. quase me dá um tiro… Z. sorri…
- Isto é como no cinema – os bons conseguem sempre… - amenizo…
- Não sei se já viste mas isto é a vida real… e na vida real os bons dão-se mal… - N. está nervosa mas sinto que me seguirá para qualquer lado…
Olho para as duas consolas (um neanthertal devia sentir-se exactamente assim a olhar para um computador…)… não há botões nem teclas nem écrans… apenas uns desenhos ao longo da consola…
Z. aperta-me o braço e sorri …
– confio em ti… - diz baixinho…
Passo a mão por cima de um dos símbolos e um holograma azul eleva-se da consola… parece um mapa…
Experimento outro símbolo e a parte de trás da nave ilumina-se… (Tomo nota mentalmente que tenho de jogar no euromilhões… depois lembro-me que os jogos não estão a funcionar… azar o meu…)
Parece um écran com vista para um espaço aberto… pela luz ou está a anoitecer ou a amanhecer do outro lado…
Ok agora a parte arriscada… passar para o outro lado (seja lá onde for)… que riscos existem? Será o ar respirável? O que vamos encontrar do outro lado?
- Vais arriscar? – pergunta Z. com os olhos assustados e sem o sorriso que a caracteriza…
- Arriscar eu até não arriscava… mas parece que não tenho escolha… - resmungo…
A medo toco com um dedo no espaço agora iluminado… só um ligeiro formigueiro… parece uma porta simples…
- Vou passar a cabeça… se me acontecer algo puxem-me… - peço…
Fecho os olhos (isto tinha de me acontecer a mim…) e atravesso… o mesmo formigueiro… o ar? Respirável… estou numa espécie de clareira… as árvores são de uma espécie que não consigo identificar (mas nunca o soube fazer mesmo…)… ao fundo um rio… no céu três estrelas pequenas e afastadas e acima delas uma pouco maior que o Sol… está fresco mas não muito…o tom azulado do solo chama-me a atenção…
Viro-me e vejo uma espécie de abrigo metálico com uma consola ao lado…
N. já está ao meu lado… Z. mais receosa atravessa também…
- Deviam ficar… não sabemos o que nos espera…
- Não te deixo sozinho – sopra Z.
- Se quiseres ficar sozinho com a tua amiga estás à vontade – reclama N.
N. e Z. fuzilam-se com os olhares…
Aiii… de súbito um movimento nas árvores chama-me a atenção (um golpe de sorte que me tira de uma situação delicada que vou ter de resolver…)
Um ser que só não é humano pelo tom azul claro da pele e pela a cabeça mais ovalada sai a medo das árvores e faz um sinal com as mãos…
Isto é complicado… não sei o que seja ou o que queira mas vou ter de arriscar… mostro a palma da pão e faço um sinal que pretende dizer que vimos em paz…
Aproxima-se e devagar retira um objecto metálico circular do cinto…
- Achas que é uma arma? – pergunta N.
- Não faço a mínima… - respondo – ainda não sou versado em tecnologia extraterrestre… presumo que nos quisesse fizer mal o teria feito sem que déssemos por isso… - alvitro…
Faz uns sons para a máquina e esta reproduz o que disse …
- Sou Zhor de Kwayk… vocês devem ser humanos da Terra…


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