Apresento-me…
Zhor parece intrigado com a nossa presença (se é que esse sentimento existe do
sitio de onde ele vem, seja lá onde for…)
- Deve
ser a primeira vez que vejo alguém atravessar um portal voluntariamente. O que
fazem aqui humanos?
- Para
já gostávamos de saber onde é que estamos… procuramos os humanos que pelos
vistos vieram por este portal sem que a vontade deles fosse tida em conta…
- Pois
os humanos só recentemente foram descobertos e são uma raça particularmente
atrasada (mas muito belicosa)… Vocês estão no planeta Vrayon, entreposto dos Omnayk…
ainda mais belicosos que os humanos mas muito mais avançados… os vossos foram
levados para as várias estações espaciais e estão a ser espalhados pela galáxia
para servirem como escravos ou soldados… faziam melhor esquece-los…
N. e Z.
estremecem e não conseguem conter as lágrimas…
- Sabes
quantos humanos foram raptados? Encontramos alguns mortos do lado de lá do
portal… Sabes se são Omnayk?
- No
centro de controlo fala-se numa recolha de cerca de três mil milhões…
- Isso é
muito pouca gente – estranho…
- Houve
combates fortes nalgumas zonas do vosso planeta… 3,5 mil milhões caíram… 300 milhões
terão ficado para trás… e não, não podem ser Omnayk… eles não saem para outros
planetas por causa dos vírus e do ar… serão escravos de outro planeta… quando
descobrem um planeta habitado enviam soldados capturar os habitantes e tentam
apropriar-se das matérias primas… Se lá ficou um portal e os tripulantes mortos
é porque se tentaram rebelar…
- Se
foram mortos e não estavam lá Omnayk quem os matou? Não pareces temê-los…
- Nem
todos são inferiores aos Omnayk… Nós somos poucos para os combater mas também
permanecemos livres… os orbes de defesa são as armas que usam para controlar os
dissidentes e opositores… A Terra é um planeta curioso mas tem poucas riquezas
e os humanos são demasiado belicosos para darem bons escravos ou soldados
obedientes (alguns já tentaram fugir e tem havido situações de todo desagradáveis)
em poucas gerações os descendentes destes humanos hão-de ser o fim do império
Omnayk…
Olhos
para as minhas companheiras… a tristeza no rosto das duas faz-me vir uma lágrima
aos olhos… que faço agora? Arrisco procurar num dos portos espaciais se as famílias
delas ainda por aqui estão? Volto para trás e tendo organizar e defender o que
estar da humanidade? Pelo que Zhor disse ainda há bastantes sobreviventes mas
também muita destruição…
Zhor
parece pressentir a minha insegurança…
-
Sugiro que me acompanheis e passai a noite junto do meu povo… amanhã de manhã vereis
como funcionam as coisas e percebereis que decisão tomar… se fordes de
confiança também vos poderemos tentar auxiliar…
Olho
para N. e Z. e decido arriscar…
- E o
portal? Fica aberto?
- Não …
se os orbes o detectam não poderão voltar ao vosso planeta…
Fecha o
portal… desligado parece invisível…
Seguimos
Zhor pela floresta e meia hora depois chegamos a uma espécie de complexo
habitacional… pouco mais de uma dúzia de seres lá vive e o espaço parece
destinado a algumas centenas pelo que facilmente nos arranjam alojamento…
Trazem-nos
comida… já estou por tudo e provo… not
bad… parecem cerejas e avelãs e uma espécie de queijo bastante saboroso…
juntam água e uma espécie de chá doce…
- Não
vamos conseguir encontrar as minhas filhas pois não? – N. está prestes a
desmoronar e Z. não parece melhor…
- Não
vos vou tentar enganar… já todos percebemos que é cada vez mais difícil… não
sei o que decidir… isto está tudo a acontecer muito depressa e é muito confuso…
Vamos ver o que Zhor tem para nos dizer…
- Achas
que é de confiança? – questiona Z.
- Se
nos quisesse fazer algo já o teria feito mas claro que psicologia alienígena não
é o meu forte…
- Tens
sido muito corajoso nesta confusão toda… - começa Z. – se alguém for capaz de
decidir pelo melhor és tu… e se não conseguirmos encontrar os nossos, sei que não
foi por falta tua…
- Tenho
medo… muito medo… por mim e pelas minhas filhas… e por ti também que tens
corrido muitos riscos, mas sempre soube que eras assim… mesmo que não acredites
em ti – N. com as lágrimas nos olhos – por isso não quero que morras… és a única
pessoa que me resta e sabes que és importante para mim…
-
Também só te tenho a ti e preciso muito que sejas forte – acrescenta Z.
Gostava
de acreditar no que elas dizem… suspiro… uma de cada lado (N. à esquerda, Z. à
direita) deitam as cabeças nos meus ombros e adormecem…
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