Mistery at Dawn XIII



Apresento-me… Zhor parece intrigado com a nossa presença (se é que esse sentimento existe do sitio de onde ele vem, seja lá onde for…)
- Deve ser a primeira vez que vejo alguém atravessar um portal voluntariamente. O que fazem aqui humanos?
- Para já gostávamos de saber onde é que estamos… procuramos os humanos que pelos vistos vieram por este portal sem que a vontade deles fosse tida em conta…
- Pois os humanos só recentemente foram descobertos e são uma raça particularmente atrasada (mas muito belicosa)… Vocês estão no planeta Vrayon, entreposto dos Omnayk… ainda mais belicosos que os humanos mas muito mais avançados… os vossos foram levados para as várias estações espaciais e estão a ser espalhados pela galáxia para servirem como escravos ou soldados… faziam melhor esquece-los…
N. e Z. estremecem e não conseguem conter as lágrimas…
- Sabes quantos humanos foram raptados? Encontramos alguns mortos do lado de lá do portal… Sabes se são Omnayk?
- No centro de controlo fala-se numa recolha de  cerca de três mil milhões…
- Isso é muito pouca gente – estranho…
- Houve combates fortes nalgumas zonas do vosso planeta… 3,5 mil milhões caíram… 300 milhões terão ficado para trás… e não, não podem ser Omnayk… eles não saem para outros planetas por causa dos vírus e do ar… serão escravos de outro planeta… quando descobrem um planeta habitado enviam soldados capturar os habitantes e tentam apropriar-se das matérias primas… Se lá ficou um portal e os tripulantes mortos é porque se tentaram rebelar…
- Se foram mortos e não estavam lá Omnayk quem os matou? Não pareces temê-los…
- Nem todos são inferiores aos Omnayk… Nós somos poucos para os combater mas também permanecemos livres… os orbes de defesa são as armas que usam para controlar os dissidentes e opositores… A Terra é um planeta curioso mas tem poucas riquezas e os humanos são demasiado belicosos para darem bons escravos ou soldados obedientes (alguns já tentaram fugir e tem havido situações de todo desagradáveis) em poucas gerações os descendentes destes humanos hão-de ser o fim do império Omnayk…
Olhos para as minhas companheiras… a tristeza no rosto das duas faz-me vir uma lágrima aos olhos… que faço agora? Arrisco procurar num dos portos espaciais se as famílias delas ainda por aqui estão? Volto para trás e tendo organizar e defender o que estar da humanidade? Pelo que Zhor disse ainda há bastantes sobreviventes mas também muita destruição…
Zhor parece pressentir a minha insegurança…
- Sugiro que me acompanheis e passai a noite junto do meu povo… amanhã de manhã vereis como funcionam as coisas e percebereis que decisão tomar… se fordes de confiança também vos poderemos tentar auxiliar…
Olho para N. e Z. e decido arriscar…
- E o portal? Fica aberto?
- Não … se os orbes o detectam não poderão voltar ao vosso planeta…
Fecha o portal… desligado parece invisível…
Seguimos Zhor pela floresta e meia hora depois chegamos a uma espécie de complexo habitacional… pouco mais de uma dúzia de seres lá vive e o espaço parece destinado a algumas centenas pelo que facilmente nos arranjam alojamento…
Trazem-nos comida… já estou por tudo e provo… not bad… parecem cerejas e avelãs e uma espécie de queijo bastante saboroso… juntam água e uma espécie de chá doce…
- Não vamos conseguir encontrar as minhas filhas pois não? – N. está prestes a desmoronar e Z. não parece melhor…
- Não vos vou tentar enganar… já todos percebemos que é cada vez mais difícil… não sei o que decidir… isto está tudo a acontecer muito depressa e é muito confuso… Vamos ver o que Zhor tem para nos dizer…
- Achas que é de confiança? – questiona Z.
- Se nos quisesse fazer algo já o teria feito mas claro que psicologia alienígena não é o meu forte…
- Tens sido muito corajoso nesta confusão toda… - começa Z. – se alguém for capaz de decidir pelo melhor és tu… e se não conseguirmos encontrar os nossos, sei que não foi por falta tua…
- Tenho medo… muito medo… por mim e pelas minhas filhas… e por ti também que tens corrido muitos riscos, mas sempre soube que eras assim… mesmo que não acredites em ti – N. com as lágrimas nos olhos – por isso não quero que morras… és a única pessoa que me resta e sabes que és importante para mim…
- Também só te tenho a ti e preciso muito que sejas forte – acrescenta Z.
Gostava de acreditar no que elas dizem… suspiro… uma de cada lado (N. à esquerda, Z. à direita) deitam as cabeças nos meus ombros e adormecem…

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