Com
as invasões bárbaras e a queda do Império Romano a Europa mudaria
profundamente em termos políticos, sociais, económicos, culturais e
religiosos, que perdurariam durante quase um milénio até à
transição da Idade Média para a Idade Moderna. Uma das mais
visíveis consequências dessas invasões foi a destruição e
abandono das cidades. Esta situação seria agravada com o surgimento
do feudalismo que, constituindo uma política de auto-sustentação,
levou muitos habitantes a concentrarem-se no campo motivando a
consequente diminuição da actividade comercial e da importância da
urbanização.
O
grande comércio internacional nesta época era fundamentalmente o
destinado a servir as Cortes abastecendo-as de escravos e bens de
luxo, assim como ao clero. Às cidades estaria reservado o importante
papel de centros religiosos e militares.
A
principal excepção à regressão das cidades na Europa verificou-se
em Itália onde beneficiando do seu papel de ligação entre o
Oriente e o Ocidente, as cidades mantiveram a sua importância e uma
taxa populacional elevada, dado que o comércio continuou a ser uma
actividade económica privilegiada favorecendo, um alto nível de
desenvolvimento e a consequente fixação da população.
Este
declínio das cidades só começaria a inverter-se no século XI e
decisivamente no século XV, com o crescimento do comércio
internacional e consequente aumento do poder e influência de uma
burguesia enriquecida. Assim como, a criação dos Estados modernos
com poderes centralizados com uma abrangência territorial e capazes
de se imporem e fazerem respeitar pela nobreza.
Após
a queda do Império Romano, o poder fragmentou-se e passou a ser
partilhado entre reis e a nobreza feudal e fortemente influenciado
pelo crescente domínio e influência da Igreja, assente em relações
de dependência e interesses mútuos. A nobreza proprietária das
terras prestava fidelidade aos reis e acompanhava-os na guerra com os
seus vassalos, enquanto os camponeses trabalhavam a terra.
Numa
Europa sem um poder central forte e submetida a sucessivas invasões
(muçulmanos, vikings, mongóis...) a segurança das populações era
da responsabilidade da nobreza e a sua eficácia ou ineficácia
resultava, muitas vezes, do maior ou menor êxito da teia de
fidelidades e de alianças que se fossem concretizando. À nobreza
competia também a administração da justiça. A continuidade do
sistema feudal durante vários séculos foi propiciada pela
estabilidade e segurança que dava aos seus vassalos e aos
camponeses, numa época de tantas ameaças e pelo facto das parcelas
agrícolas individuais estarem espalhadas por campos abertos
obrigando à cooperação e ao trabalho em comum.
A
forte influência da Igreja também foi um factor determinante para a
caracterização e evolução social e económica da Europa neste
período. Ao clero competia cuidar do bem-estar espiritual das
populações, mas por força do poder económico que foram adquirindo
exerciam também uma forte influência política na sociedade.
A
partir do século XI com a adopção de novas práticas agrícolas
como a rotação bienal, introdução de novas culturas, novas
técnicas de estrumarem e a maior facilidade no acesso ao ferro que
permitiu o recurso a ferramentas mais eficazes, verificou-se um
crescimento populacional que levou muitas pessoas a deslocarem-se
para as cidades fazendo renascer a importância destas e das
actividades comerciais nelas desenvolvidas.
O
resultado desta evolução foi o surgimento de um novo grupo social,
a burguesia, que fruto deste novo crescimento das cidades e da sua
actividade económica, assumiu um crescente papel de influência na
sociedade por força do seu poder económico. Esse novo grupo social
seria muita importância para a construção dos Estados modernos, já
que os reis beneficiavam do poder económico e influência da
burguesia para imporem o seu poder perante a nobreza e o clero,
centralizando o poder e criando as bases do Estado como hoje o
conhecemos. A Espanha consegue unir os seus Estados, essencialmente
pelo casamento dos reis Católicos, facto motivado pela necessidade
de construírem um Estado forte. Assim conseguiram criar uma grande
nação, derrotar os muçulmanos e criaram uma dinâmica de conquista
e descoberta de novos mundos a par com Portugal. Em toda esta
vertente esteve sempre presente a possibilidade de unir Portugal e
Espanha pelos vários casamentos reais engendrados. O exemplo da
França que com a centralização do poder real conseguiu, um
desenvolvimento e uma estabilidade nunca antes vista em muitos
domínios, e que ainda hoje nos fascina quando falamos no rei Sol e
da sua corte.
A
divulgação do conhecimento e do acesso à educação proporcionado
pela galáxia de Guttenberg é um factor importante que contribuiu
decisivamente para a evolução da sociedade após o século XVI. O
exemplo destas mudanças foi a Inglaterra onde com a chegada dos
Tudor ao poder se verificou a perda de influência das abadias e dos
senhores feudais, conseguindo o Estado estabilizar as suas fronteiras
e exercer dentro delas a sua autoridade de forma uniforme e efectiva.
O estabelecimento do poder e das características dos Estados
Modernos e da importância das cidades, teve como motor o aumento do
comércio internacional motivado pela abertura de novos mercados
resultantes das descobertas portuguesas e espanholas nos séculos XV
e XVI e da necessidade de mostrarem riqueza que trouxeram igualmente
novos produtos e mais riqueza para a nobreza, burguesia e para os
respectivos soberanos.
O
renascimento das cidades e o fortalecimento dos Estados constituiu-se
como um processo dinâmico que perdurou até aos nossos dias, com o
abandono cada vez mais notório dos meios rurais provocando o
crescimento das cidades até se tornarem em megacidades de milhões
de habitantes. Também os Estados evoluíram, passando por regimes
absolutistas até se tornarem democracias e hoje ser cada vez mais
importante o papel de instituições supranacionais como a União
Europeia ou a ONU.
To
the long but fertile centuries in which the Roman Empire was spreading
its civilizational influence by the European continent and by all the
basin of the Mediterranean that indelibly marked the progress of the
humanity, it followed a conjuncture of regression what history. It shows us the story that happens periodically and sequentially.With
the barbarian invasions and fall of the Roman Empire Europe would
change profoundly in political, social, economic, cultural and religious
terms, which would last for almost a millennium until the transition
from the Middle Ages to the Modern Age. One of the most visible consequences of these invasions was the destruction and abandonment of cities. This situation would be aggravated by the emergence of feudalism,
which, as a self-sustaining policy, led many inhabitants to concentrate
on the countryside, thus causing a decrease in commercial activity and
the importance of urbanization.The
great international trade at this time was fundamentally destined to
serve the Cortes by supplying them with slaves and luxury goods, as well
as with the clergy. The important role of religious and military centers would be reserved for cities.The
main exception to the regression of cities in Europe occurred in Italy
where, by benefiting from its role as a link between the East and the
West, cities remained important and a high population rate, as trade
continued to be an economic activity favoring a high level of development and the consequent establishment of the population.This
decline of cities would only begin to reverse in the eleventh century
and decisively in the fifteenth century, with the growth of
international trade and consequent increase in the power and influence
of an enriched bourgeoisie. As well as the creation of modern states with centralized powers with a
territorial scope and capable of imposing themselves and making them
respected by the nobility.After
the fall of the Roman Empire, power was fragmented and shared between
kings and the feudal nobility and strongly influenced by the growing
domination and influence of the Church, based on relations of dependence
and mutual interests. The landed nobility lent allegiance to the kings and accompanied them
in the war with their vassals while the peasants worked the land.In
a Europe without a strong central power and subjected to successive
invasions (Muslims, Vikings, Mongols ...), the security of the
population was the responsibility of the nobility, and its effectiveness
or inefficiency was often the result of the greater or lesser success
of the fidelities and of alliances that were being realized. To the nobility was also the administration of justice. The continuity of the feudal system for several centuries was provided
by the stability and security it gave to its vassals and peasants at a
time of so many threats and by the fact that individual agricultural
parcels were scattered over open fields, forcing cooperation and working
together.The
strong influence of the Church was also a determining factor for the
characterization and social and economic evolution of Europe in this
period. The clergy had to take care of the spiritual well-being of the people,
but by virtue of the economic power they acquired they also exerted a
strong political influence on society.From
the eleventh century onwards, with the adoption of new agricultural
practices such as biennial rotation, the introduction of new crops, new
techniques of drilling and the greater ease of access to iron, which
allowed the use of more efficient tools, population growth led many people to move to the cities and revive their importance and commercial activities.The
result of this evolution was the emergence of a new social group, the
bourgeoisie, which resulted from this new growth of cities and their
economic activity, assumed an increasing role of influence in society by
virtue of its economic power. This
new social group would be very important for the construction of modern
states, since the kings benefited from the economic power and influence
of the bourgeoisie to impose their power before the nobility and the
clergy, centralizing the power and creating the bases of the State as
today the We know. Spain
is able to unite its states, essentially by the marriage of the
Catholic kings, fact motivated by the necessity of constructing a strong
State. Thus
they managed to create a great nation, to defeat the Muslims and
created a dynamic of conquest and discovery of new worlds on par with
Portugal. In all this aspect was always present the possibility of uniting Portugal and Spain by the various royal weddings engendered. The example of France which, with the centralization of royal power,
has achieved a development and stability never before seen in many
domains, and which still fascinates us today when we speak of King Sol
and his court.
The
dissemination of knowledge and access to education provided by the
Guttenberg galaxy is an important factor that contributed decisively to
the evolution of society after the sixteenth century. The example of these changes was England where with the arrival of the
Tudor to the power was verified the loss of influence of the abbeys and
the feudal lords, being able the State to stabilize its borders and to
exercise within its authority of uniform and effective form.
The establishment of the power and characteristics of Modern States and the importance of cities was driven by the increase in international trade motivated by the opening of new markets resulting from the Portuguese and Spanish discoveries in the 15th and 16th centuries and the need to show wealth that they brought new products and more wealth for the nobility, bourgeoisie and for the respective sovereigns.
The rebirth of cities and the strengthening of states was a dynamic process that has persisted to the present day, with the growing abandonment of rural areas causing cities to grow into megacities of millions of people. States also evolved through absolutist regimes to become democracies, and today the role of supranational institutions such as the European Union or the UN is increasingly important.
The establishment of the power and characteristics of Modern States and the importance of cities was driven by the increase in international trade motivated by the opening of new markets resulting from the Portuguese and Spanish discoveries in the 15th and 16th centuries and the need to show wealth that they brought new products and more wealth for the nobility, bourgeoisie and for the respective sovereigns.
The rebirth of cities and the strengthening of states was a dynamic process that has persisted to the present day, with the growing abandonment of rural areas causing cities to grow into megacities of millions of people. States also evolved through absolutist regimes to become democracies, and today the role of supranational institutions such as the European Union or the UN is increasingly important.
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